Como testar a velocidade da sua internet no Linux pelo terminal
Se você usa Linux no dia a dia, seja um Ubuntu fresquinho no notebook ou um Debian raiz segurando a infra da empresa, em algum momento vai precisar responder à pergunta clássica:
“A internet tá lenta ou é só impressão minha?”
Em servidor, não tem “abre o navegador e entra no site de teste de velocidade”. O jogo é outro: tudo no terminal. A boa notícia é que dá para medir a qualidade da conexão com ferramentas confiáveis, usadas por provedores e entusiastas no mundo todo.
Neste artigo, vamos ver como testar a velocidade da internet no Linux (Ubuntu/Debian) usando:
- Speedtest (Ookla) – o clássico
- nPerf – foco em navegação e streaming
- SIMET – o medidor oficial do NIC.br, queridinho dos brasileiros
1. Preparando o ambiente no Ubuntu/Debian
Primeiro, vamos deixar o sistema redondinho. Abra o terminal e rode:
sudo apt update
sudo apt upgrade -y
# utilitários básicos que vamos usar
sudo apt install -y curl wget ca-certificates gnupg
Isso garante:
- Lista de pacotes atualizada
- Certificados em dia
- Ferramentas como
curlewgetprontas para baixar instaladores
2. Speedtest oficial da Ookla no terminal
O Speedtest CLI da Ookla é a versão oficial da mesma plataforma que muita gente usa no navegador, só que em modo texto.

2.1. Limpando versões antigas (opcional)
Se você já instalou algum speedtest-cli por aí, vale dar uma limpada para evitar conflito:
sudo rm -f /etc/apt/sources.list.d/speedtest.list 2>/dev/null || true
sudo apt remove -y speedtest speedtest-cli 2>/dev/null || true
sudo apt update
2.2. Adicionando o repositório da Ookla
A própria Ookla fornece um script que:
- Detecta sua versão de Ubuntu/Debian
- Adiciona o repositório correto
- Configura a chave GPG
O comando, em formato genérico, fica assim:
curl -s URL_DO_SCRIPT_OFICIAL_SPEEDTEST | sudo bash
No lugar de
URL_DO_SCRIPT_OFICIAL_SPEEDTEST, use o endereço indicado na documentação oficial do Speedtest CLI da Ookla. Basta copiar e colar de lá.
2.3. Instalando o Speedtest
Com o repositório configurado:
sudo apt update
sudo apt install -y speedtest
O pacote oficial geralmente se chama speedtest (não confundir com speedtest-cli).
2.4. Rodando seu primeiro teste
Agora vem a parte divertida:
speedtest
Na primeira execução, ele pode mostrar os termos de uso. Confirme digitando YES quando for solicitado.
Ele vai:
- Descobrir um servidor próximo
- Medir latência, download, upload e possivelmente perda de pacotes
- Exibir um resumo bonitinho no terminal
2.5. Modo avançado: scripts e automação
Alguns comandos úteis para quem quer ir além:
-
Listar servidores próximos:
speedtest --servers -
Escolher um servidor específico:
speedtest --server-id ID_DO_SERVIDOR -
Saída em JSON (perfeito para integrar com scripts e dashboards):
speedtest --format=json -
Saída em CSV (para jogar em planilha ou banco):
speedtest --format=csv
Com isso você já consegue:
- Rodar testes via
cron - Jogar resultados em um banco de dados
- Integrar com Grafana, Zabbix, Prometheus e companhia
3. nPerf no Linux (via AppImage chamada pela CLI)
O nPerf é uma ferramenta bem completa para testar velocidade, navegação e streaming. No Linux, ele vem em formato AppImage, que funciona em praticamente qualquer distribuição moderna.

Sim, ele abre uma interface gráfica, mas todo o processo de instalação e execução pode ser disparado via terminal, o que é perfeito para um tutorial focado em CLI.
3.1. Baixando o nPerf pelo terminal
No terminal:
cd ~
wget URL_DO_ARQUIVO_APPIMAGE_NPERF -O nperf.AppImage
Substitua
URL_DO_ARQUIVO_APPIMAGE_NPERFpelo endereço da AppImage para Linux, disponível na página oficial do nPerf.
3.2. Dando permissão de execução
chmod +x nperf.AppImage
3.3. Executando o nPerf
./nperf.AppImage
Vai abrir a interface com:
- Teste de velocidade (download/upload)
- Teste de navegação (abre vários sites e mede o tempo)
- Teste de streaming (simula reprodução de vídeos)
3.4. Criando um comando “global” nperf (opcional)
Se quiser rodar nperf de qualquer lugar:
sudo mv ~/nperf.AppImage /usr/local/bin/nperf
Depois é só chamar:
nperf
Para automação hardcore (monitoramento contínuo, sondas em rede, etc.), o ecossistema do nPerf também oferece soluções específicas para provedores, mas para desktop o AppImage já resolve muito bem.
4. SIMET no Linux: medidor oficial do NIC.br via CLI
Agora vamos falar de SIMET, o medidor de Internet mantido pelo NIC.br, muito utilizado no Brasil e alinhado com metodologias oficiais de medição de qualidade de banda larga.

Enquanto a versão web é voltada para o usuário final, o medidor SIMET para Linux é perfeito para:
- Servidores
- Gateways de rede
- Cenários em que você quer medições automatizadas e rastreáveis
4.1. Baixando o instalador do SIMET para Linux
No terminal:
cd /tmp
wget URL_DO_ARQUIVO_SIMET_MA_RUN -O simet-ma.run
Substitua
URL_DO_ARQUIVO_SIMET_MA_RUNpelo endereço do instaladorsimet-ma.runfornecido na página do SIMET para Linux.
4.2. Tornando o instalador executável
chmod +x ./simet-ma.run
4.3. Executando o instalador como root
Você pode chamar direto com sudo:
sudo ./simet-ma.run
O instalador:
- Cria o usuário de sistema, tipicamente
nicbr-simet - Instala os pacotes e dependências necessárias
- Configura serviços para o sistema iniciar o medidor automaticamente
- Registra o agente de medição nos sistemas do NIC.br
4.4. Verificando se o SIMET está rodando
Depois da instalação, confira o status dos serviços:
sudo systemctl status simet-ma
sudo systemctl status simet-lmapd
Se tudo estiver certo, ambos devem aparecer como active (running).
Em termos simples:
- Um serviço cuida das medições e disponibilidade
- Outro gerencia as tarefas de medição agendadas
4.5. Rodando um teste SIMET sob demanda via CLI
Para rodar um teste manual, diretamente no terminal:
-
Vire root (ou use
sudo):sudo su - -
Chame o script do SIMET como o usuário do medidor, por exemplo:
sudo -u nicbr-simet /opt/simet/bin/simet-ma_run.sh -vou:
su -s /bin/bash - nicbr-simet -- /opt/simet/bin/simet-ma_run.sh -v
Algumas flags úteis:
-v– modo verboso, mostra mais detalhes do que está acontecendo-q– modo quiet, quase sem saída no terminal
Dica: o SIMET não permite duas medições simultâneas. Se uma medição automática estiver rolando, a manual espera ou falha.
4.6. Pegando a URL dos resultados
Depois de rodar o teste, você pode obter a URL com o histórico de medições daquele agente:
sudo -u nicbr-simet /opt/simet/bin/simet_view_results.sh --url
Ele imprimirá uma URL única, associada ao seu medidor. É só colar no navegador para ver:
- Gráficos
- Histórico de medições
- Detalhes de desempenho da sua conexão
5. Qual ferramenta usar em cada cenário?
Um resumo rápido e amigável (e bem indexável):
Speedtest (Ookla)
Ideal quando você quer:
- Medir rápido e sem enrolação
- Comparar provedores
- Automatizar testes em script ou cron
Pontos fortes:
- Cliente oficial
- Rede global gigante de servidores
- Saída fácil de tratar (JSON/CSV)
nPerf (AppImage no Linux)
Perfeito para:
- Usuários de desktop Linux que querem uma visão mais “real”
- Testar navegação e streaming, não só download/upload
Pontos fortes:
- Testes de navegação e vídeo
- AppImage independente da distribuição
- Basta baixar, dar
chmod +xe rodar
SIMET (NIC.br) para Linux
Cenário ideal:
- Quem quer medições alinhadas com padrões do NIC.br
- Monitorar a conexão em ambiente profissional
- Criar histórico confiável da qualidade da banda larga no Brasil
Pontos fortes:
- Medidor com foco na realidade brasileira
- Agente de medição em background
- Acesso a resultados via URL própria
6. FAQ rápido
1. Como testar a velocidade da internet no Ubuntu pelo terminal?
Instale o cliente oficial do Speedtest (Ookla) adicionando o repositório oficial, depois rode sudo apt install speedtest e execute speedtest no terminal. Você ainda pode usar ferramentas como nPerf (via AppImage) e SIMET (medidor do NIC.br para Linux) para complementar as medições.
2. Qual é o melhor teste de velocidade para servidor Linux?
Para servidores, o Speedtest CLI e o SIMET se destacam. O Speedtest é simples e rápido, com suporte a JSON/CSV para automação. O SIMET, por outro lado, oferece medições alinhadas com a realidade brasileira e com foco em qualidade de serviço, ótimo para monitorar links em produção.
3. Consigo automatizar testes de internet no Linux?
Sim. Você pode colocar comandos como speedtest --format=json ou o script do SIMET em um cron, salvar os resultados em arquivos ou banco de dados e criar dashboards com Grafana, Zabbix ou outras ferramentas de monitoramento.
4. O nPerf funciona só em modo gráfico no Linux?
No desktop, sim: ele abre uma interface gráfica através da AppImage. Mas toda a instalação e execução podem ser disparadas via terminal, o que facilita scripts, lançadores personalizados e integrações mais avançadas.